
"....- Oh, Cathy! Oh, minha vida! Como posso suportar isso? - foi a primeira frase que ele disse, num tom que não procurava disfarçar-lhe o desespero. E olhou-a com tamanha paixão, que pensei que tal intensidade lhe provocaria lágrimas. Mas os seus olhos ardiam de angústia... não transbordaram.- E agora? - disse Catherine, recostando-se e devolvendo-lhe o olhar com expressão sombria, pois o seu humor era um simples cata-vento para as suas constantes variações de capricho. - Você e Edgar partiram o meu coração, Heathcliff! E ambos vêm lamentar-se disso comigo, como se fossem dignos de piedade! Não lhes tenho pena, não eu! Mataram-me... e parece que isso lhes fez bem. Como são fortes! Quantos anos pretende viver depois que eu me for?Heathcliff se havia apoiado com um dos joelhos no chão, para abraçá-la. Tentou levantar-se, mas ela lhe agarrou o cabelo, e o manteve ajoelhado.- Gostaria de poder retê-lo - continuou ela, amarga - até que morrêssemos! Não me importaria com o que você pudesse sofrer. Nada me importam os seus sofrimentos. Por que não deveria sofrer? Eu sofro! Você se esquecerá de mim? Viverá feliz quando eu já estiver debaixo da terra? Dirá, passados vinte anos "Este é o túmulo de Catherine Earnshaw. Amei-a há muito tempo, fui um miserável quando a perdi... mas é passado. Amei muitas outras desde então, e os meus filhos são muito mais amados do que ela. E, na morte, não me regozijarei por estar indo para ela, mas me entristecerei por deixá-los!"? Dirá isso, Heathcliff?..."
Trecho de "O morro dos ventos uivantes" de Emily Brönte
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