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quarta-feira, 14 de abril de 2010

  Profundamente inseguro ou descaradamente manipulador, Lord Byron chocou o país com suas atitudes escandalosas. Mas a liberdade de espírito patente nos seus poemas e as facetas melodramáticas da sua vida inspiraram por toda a Europa uma geração inteira.

 

            Em 12 de julho de 1824, o sol iluminou uma fantástica procissão. Enquanto a multidão, silenciosa e triste, se juntava para ver o cortejo, cavalos negros como ébano, enfeitados com plumas também negras, puxavam um grande carro funerário através das ruas de Londres. Logo atrás, seguiam três carruagens com os amigos fiéris do morto. Depois, uma a uma, passaram as 47 carruagens das famílias mais nobres da Inglaterra; símbolos bizarros no funeral de um poetas hoemnageado pelo mundo, mas desprezado pelo seu próprio país, as carruagens iam vazias. Nas casas ao longo do caminho, as mulheres respeitáveis apenas ousavam espreitar o estranho ritual por entra as cortinas das janelas. Mesmo depois de morto George Gordon, Lord Byron, ainda era evitado pela alta sociedade.                                                                             
Durante quatro dias, o carro funerário, acompanhado agora somente pelos agentes funerários, prosseguiu solenemente para norte em direção a Nottingham. Nas pequenas volas do caminho, plebeus repeitosos juntavam-se para vê-lo passar, surpresos por ter sido negada a este poeta, o mias popular de sua época, a honra de ser sepultado no Canto dos Poetas da Abadia de Wetmisnter. Em vez disso, o seu corpo seria enterrado no jazigo da família, uma igreja humilde perto da casa dos seus antepassados.
          Tendo morrido aos 36 anos, durnate mais de quianze Byron fora adorado e desprezado, temido e imitado. Asua influência caracteizou uma época, e as suas idéias e comportamento pessoal antecederam as concepções do século XX sobre a independência nacional e da identidade individual.

Ascendência louca e variada
A libertinagem era uma especie de característica da família, vivida com frequência e entusiasmo na Abadia de Newstead, propriedade de 1.500 hectares e antigo mosteiro que tinham sido confiscados pelo rei Henrique VIII quando rejeitou a Igreja Católica de Roma no final do século XVI. O avô de Byron, explorador e oficial da marinha, conhecido por Foul-weather Jack, aterrorizado com os vícios de seu filho Jonh - que possívelemnte incluíam incesto - deserdou-o. Mas Mad Jack, como era conhecido o filho, raptou e fugiu com uma mulher rica. Esta morreu na França com doi dos seus filho, mas uma filha, Augusta, sobrevivei, vindo a desemprenhar na vida do poeta um papel de impacto que dezenas de anos depois, levaria à explosçai desta na alta sociedade.
         
                Sobrevivendo a tudo, Mad Jack voltou par a Inglaterra, onde casou com uma escocesa rica, mas pouco atrente, Catherine Gordon. Este novo casameento não terminou, no entanto, com sua vida de malandro, e a sua infeliz esposa passou a sofrer de grandes alteraçãoes de humor. Foi deste estranho matrimônio que, em 22 de Janeiro de 1788, nasceu George Gordon, o futuro Lord Byron.
           A criança nasceu envolvida pela bolsa d'água e sofrendo de uma má formação do pé direito devido a um músculo da perna definhado. A bolsa d'água não representava qualquer perigo e foi facilmente removida, mas Byron parecia gostar, mais rtade, de a considerar como presságio de um destino amaldiçoado. O pé torto, porém, provocou-lhe um trauma para toda a vida, contrastando irônica e cruelmente com a bela aparência geral que o tornou célebre.
           A sua infância foi atormentada por dorer atrozes, pois sua mãe, crédula, pagava charlatães para lhe esticar os músculos. Como que para compensar esse deficiência, o jovem fez tudo para ser um bom boxeador, bom cavaleiro e bom nadador. Adotou como hábito uma espécie de andar deslizante para disfarçar seu coxeio. E ou a sério ou por gostar de dramtizar sobre seu defeito, falava em mandar amputar o pé que o incomodava.
           Mad Jack saíra de casa quando o rapaz tinha 2 anos, pelo que este ficou sujeito ao humor imprevisível da mãe e às suas exigência caprichosas. Entretanto, um tio-avô herdara o título e a Abadia de Newstead.
           Abandonado pela esposa devido às suas aventuras extraconjugais, este tio deserdara o filho, que, tolamente, casara por amor, e não por dinheiro. As sua finaças estavam tão abaladas que se entretinha, na decadente abadia, a fazer corridas com baratas. Quando morreu, apesar disso a propriedade ainda estava intacta e o seu sobrinho-neto herdou-a: aos 10 anos, George Gordon tornava-se o sexto barão Byron.



Vinho de um crânio
Agora cheio de importância, o jovem foi um aluno arrogante e teimoso em Harrow, a sua escola preparatória, e um estudante emaginativamente rebelde na Aniversidade de Cambridge. Uma vez levou para a universidade um urso para irritar a direção por ter impedido a entrada do seu cão. Mas nessa época já escrevia poesia com extraordinária facilidade, tendo publicado sue primeiro volume de versos, Horas de Ócio, em 1807, ainda em Cambridge. Também na universidade se tornou evidente a sua rara capacidade para atrair grandes amizades e paixões. 
       
            Como muitos outros membros da nobreza rural da época, Byron passava dias inteiros sem fazer nada além de montar, esgremir, remar e caçar. As noites rema passadas na gandaia, com amigos da faculdade e o bando de atraentes e prestativas jovens criadas de sua propriedade. Com sua tendência para o drama, servia o vinho, depois do jantar, em crânio encostado em ouro. Quando todos os outros adormeciam ele ficava escrevendo até de manhã.
         Depois de tomar o seu lugar na Câmara dos Lordes, aos 21 anos, o jovem "cansado do mundo", embarcou para uma aventura pelo sul da Europa, com escalas em Portugal, Espanha, Malta, Grécia e Albânia. Considerândo-se romanticamente em "jovem amaldiçoado condenado ao exílio", sentiu-se imediatamente à vontade ao pisar solo grego, e em breve começa a trabalhar numa história em verso, A peregrinação de Childe Harold.
        Na época, a região era governada por um tirano cruel, o turco Ali Paxá, que se sentiu muito atrído pela beleza de Byron e lhe mandou presentes, na tenatativa de um encontro amoroso. O jovem aristrocrata desulpou-se habilmente, embora aparentemente fosse bissexual e não desprezasse necessariamente experiências homossexuais. Pouco depois disso, Byron naufragava na costa albanesa, próximo de Parga, onde encontrou e acompanhu um bando de rufiões vestindo trajes exóticos, os suliotas, cujo hino orgulhoso era Todos Ladrões em Parga! e que o escoltaram até Missolonghi, onde o destino, no fim da vida, voltaria a uni-lo com o bando.

A menina no saco
Pouco a pouco, Byron tinha se convertido num simpatizante do movimento nacionalista grego contra a Turquia. Os gregos, no seu país, eram pobres e duramente oprimidos; um patriota grego fora torturado duante três mess e depois cortado em pedaços; Byron vira o seu braço decepado pendurado numa árvore.
        Mas as suas crescente preocupações políticas surgiam em paralelo aos excessos dos seu comportamento pessoal. De novo em Atenas, Byron envolveu-se sexualmente com incontáveis mulheres, moças e até rapazes. Num dia memorável, encontrou um grupo de turcos que tranportavam em direção ao mar Egeu um saco que se mexia. Dentro dele ia uma moça condenada por adultério com um homeme cristão. O voivoda, ou governador, de Atenas condenara-a a ser afogada, de acordo com os costumes turcos. O jovem e rico inglês subornou os guardas, soltou a moça e, as escondidas libertou-a. Segundo um boato, quando o saco foi aberto, Byron espantado, teria reconhecido na moça uma das sua saventuras amorosas.
       Apesar destas distrações, ele acabara dois cantos ou seções, da sua novela poética, A peregrinação. Em versos fluidos e servndo-se da linguagem cotidiana em complicados padrões de rima, aquele malandro supostamente fútil criara uma personagem literária inesquecível. Harold, modelo dos futuros heróis românticos, é apaixonado embora reflexivo, egocentricamente orgulhoso, mas profundamnete só, ansioso por aventuras, embora cansado do mundo. Ele é, na realidade, a cópia do seu criador.

Famoso e acarinhado em Londres
Em Fevereiro de 1812, novamente na Inglaterra, o aristrocrata, então com 24 anos, fez seu discurso de estréia na Câmara dos Lordes, uma defesa muito elaborada dos tecelões de Nottingham que pouca atenção recebeu. Mas em breve o político inexperiente tornava-se um poeta famoso da noite para o dia. A primeira edição de A peregrinação de Child Harold esgotou-se em três dias, e o poeta viu-se soterrado de convites para as melhores casas de Londres.
          Byron estava preparado para representar a seu papel até o fim. Vestia-se sempre de preto e fingia viver só de água com gás e bolachas. (Na realidade, escapava para tabernas obscuras, onde engolia praros de mais substância, com carne e batatas.)Estava sempre pronto a chocar a dona da casa e os seus convidados com observaçãoes indecorosas ou sugestivas.
          Em breve, as suas aventuras com lindas mulheres casadas e empregadas eram o tema de conversa na cidade. Mas estas leviandades eram convenientemente ignoradas no mundo da alta sociedade, que considerava o adultério o seu passatempo favorito. Em 1813, Byron ignorou até mesmo essas tênues regras de decência.      
            
          Augusta, sua meia-irmã pelo primeiro casamento de Mad Jack, era física e temperamentalmente tão parecida com ele que Byron se habituou a considerá-la o seu alter ego, a sua própria imagem. Não sendo feliz no seu casamento, Augusta deixou-se envolver numa aventura com Byron. Quando se tornaram amantes, o poera achou que atingiria o "grande objetivo" da sua vida, uma união perfeita com outra pessoa. Augusta deu à luz uma filha, que possivelmente era de Byron.
         A franqueza com que o poeta falava do ssuto foi demasiado chocante, mesmo para uma sociedade permissiva, e ele tentou refugiar-se num casamento convencional com a jovem, rica e inexperiênte Annabella Milbanke. Tiveram uma filha, mas Annabella deixou-o ao fm de apenas um ano de casamento, aparentemente furiosa com os mais trato recebido e repelida pelas exigências sexuais de Byron. Por raz~eos nunca esclrecisas, Byron e Augusta foram juntos a uma recepção oferecida pela aristrocrática Lady Jersey. Todas as senhoras desapareceram  imediatamente da sala e os homens recusaram-se a aperta-lhes as mãos: o mais famoso poeta inglês tornara-se proscrito da sociedade.

Fuga para a Europa
Mais uma vez, Byron procurou no estrangeiro a liberdade e as emoções, partindo em 24 de Abril de 1816 do porto de Dover, no canal da Mancha, onde senhoras da sociedade se disfarçaram de criadas de quarto no seu hotal a fim de conseguirem ver o célebre poeta. Desprezado no seu país, Byron foi idolatrado no estrangeiro.
            Estabeleceu-se durante um tempo em Venza, mergulhando com fervor inabalável em todo tipo de ligações sexuais e outras formas de devassidão. Vaidoso, cada vez se preocupava mais com o cabelo, que caía, e a cintura que aumentava. Depois de fartas refeições, entrava em uma dieta rigorosa, prejudicando indubitavelmente a saúde. E pela última vez, apaixonou-se profunda e perdidamente. Jovem, bela e casada, a condessa Teresa Guiccioli partilhava com ele da tendência para o melodrama, e os seus encontros amorosos tinham lugar desde o Grande Canal aos refúgios à beira-mar, desde castelos a casas alugadas nas colinas.
           Durante esses anos, Byron escreveu o terciero canto de A Peregrinação, Manfredo e outros poemas conhecidos e começou o Don Juan, outro poema épico que se basearia muito nos seus sentimentos e experiências pessoais. Sempre fascinado pela morte, encontrou mais uma razão para sua morbidez: em 1822, Allegra, sua filha ilegítima e de Claire Clairmont, morreu de malária aos 5 anos. Pouco tempo depois, soube que o poeta Percy Bysshe Shellet, seu amigo e companheiro, morrera afogado, em uma espécie de tempestade, velejando no golfo de Spezia.
           A perda do amigo pode ter agravado o desencantamento que Byron sentia pela vida. Mergulhou na atividade literária, sempre estimulado com vinho ou gin e água. Mas a poesia não servia de consolo para sua avassaladora sensação de vazio.

O bardo da Grécia
Em parte devido aos incansáveis apelos de Byron ao longo doas anos, a opinião pública tanto na inglaterra como na Europa Ocidental acabara por se tornar favorável ao maltratado povo grego. Foram obtidos fundos, e quando a Comissão de Londres pela Grécia pediu ao grande escritor que colaborasse, ele aceitou com vigor.                                                                                  
          Em 16 de Julho de 1823, Byron fez-se ao mar no Hércules, navio fretado armado com dois canhões carregado com medicamntos, armas e munições. A melancolia do poeta desvaneceu-se durante a longa viagem entre Itália e a Grécia. No princípio do ano seguinte, ele encontrava-se em Missolonghi, a cidade pantanosa e infestada de mosquitos onde conhecera os audaciosos suliotas havia mais de 10 anos. Contratou imediatamnete 600 deles, mas os "ladrões de Parga" viram no seu navio uma boa presa. Passavam o tempo em maquinações para obter dinheiro e armas e tiveram de ser subornados para combater os próprios inimigos turcos. A tripulação do navio amontinou-se, os reforços da Inglaterra atrasaram-se e a política na terra grega revelou-se impossivelmente complexa e imprevisível.
       
            Mais de uma vez foi Byron quem, com sua presença e autoridade, e por vezes com rico de vida, evitou motins e trouxe a paz entre rivais no campo dos rebeldes. Mas a Natureza conseguiu o que homens e as armas não tinham conseguido: encharcado enquanto montava a cavalo num dia de chuva gélida, Byron contraiu uma febre que não mais o deixou. Insistindo com os médicos para que nãolhe fizesse sangrias - o tratamento habitual da época -, ele gracejava: "A lanceta tem matado mais gente que a lança." Mas os médicos insistiram, e o seu estado, como seira de calcular, pirorou com a continuação da suposta cura. A sua provação durou semanas. Para o fim, sussurrou ao médico: "Pensa mesmo, então, que temo pela minha vida? Porque deveria deplorá-la? Não aproveitei além de todos os limites?"

       Lord Byron morreu em 19 de Abril de 1824, no aniversário da morte de Allegra.