Como povos de todo o mundo lidam com a morte
Não usar preto num funeral parece falta de respeito com falecido. O preto reflete o luto e a solenidade de tão sombria ocasião mas este costume nasceu por um motivo bem diferente – não por respeito, mas antes por simples receio do morto.
Para evitar problemas
O medo dos fantasmas ditou vários costumes curiosos. Nos funerais dos índios norte-americanos, o parente mais próximo do falecido escapulia mais cedo, enquanto o fantasma ainda observava a cerimônia, para evitar ser apanhado. Nos funerais dos índios Sacs ou Fox, os parentes tinham o cuidado de pôr alguma comida ou peça de roupa na sepultura, o que evitava que o espírito aparecesse da noite para cobrar as oferendas. 
Em algumas partes do mundo, o corpo sai do velório por uma janela e não pela porta; desse modo, espera-se confundir o fantasma e evitar que ele encontre o caminho de volta para casa. E na China, os acompanhantes costumam explodir pequenas bombas no regresso de um funeral para repelir o espírito do falecido.
A ideia foi levada ao extremo pelo povo Yakut, da Sibéria. Entre eles, a pessoa que estava morrendo tinha a comida mais requintada e o melhor lugar na festa do seu funeral antes de ser levada e enterrada viva.
Alimentos e bens – até um cavalo para facilitar a viagem para o outro mundo – eram enterrados com ela, de modo a não ter justificativa para regressar a casa. As roupas pretas dos funerais da Europa e da América atualmente não são as únicas lembranças deste antigo e profundo medo dos mortos. As moedas que os agentes funerários punham nos olhos dos cadáveres não serviam só para mantê-los fechados, eram o preço da passagem do espírito para o outro mundo.
E se as orações fúnebres parecem demasiado lisonjeiras para o falecido, pode ser por algo mais do que um desejo de prestar homenagem. Talvez ainda partilharemos o antigo receio inconsciente de que em algum lugar próximo ouvidos inversíveis mas atentos estão escutando cada palavra. 
Fonte: Você sabia? - Reader's Digest
Nenhum comentário:
Postar um comentário