quinta-feira, 14 de abril de 2011

Os vivos e os mortos

  Como povos de todo o mundo lidam com a morte

       Não usar preto num funeral parece falta de respeito com falecido. O preto reflete o luto e a solenidade de tão sombria ocasião mas este costume nasceu por um motivo bem diferente – não por respeito, mas antes por simples receio do morto.
       Nossos antepassados acreditavam que o fantasma só falecido ficava perto do cadáver e se sentia tão solitário que era capaz de tentar agarrar um dos vivos para arranjar companhia, se houvesse oportunidade. Poucos queriam sofrer esse destino, e por isso todos se vestiam das mesmas cores escuras para não chamar a atenção.

       Para evitar problemas

        O medo dos fantasmas ditou vários costumes curiosos. Nos funerais dos índios norte-americanos, o parente mais próximo do falecido escapulia mais cedo, enquanto o fantasma ainda observava a cerimônia, para evitar ser apanhado. Nos funerais dos índios Sacs ou Fox, os parentes tinham o cuidado de pôr alguma comida ou peça de roupa na sepultura, o que evitava que o espírito aparecesse da noite para cobrar as oferendas. 
 Em algumas partes do mundo, o corpo sai do velório por uma janela e não pela porta; desse modo, espera-se confundir o fantasma e evitar que ele encontre o caminho de volta para casa. E na China, os acompanhantes costumam explodir pequenas bombas no regresso de um funeral para repelir o espírito do falecido.
        A ideia foi levada ao extremo pelo povo Yakut, da Sibéria. Entre eles, a pessoa que estava morrendo tinha a comida mais requintada e o melhor lugar na festa do seu funeral antes de ser levada e enterrada viva.  
       Alimentos e bens – até um cavalo para facilitar a viagem para o outro mundo – eram enterrados com ela, de modo a não ter justificativa para regressar a casa. As roupas pretas dos funerais da Europa e da       América atualmente não são as únicas lembranças deste antigo e profundo medo dos mortos. As moedas que os agentes funerários punham nos olhos dos cadáveres não serviam só para mantê-los fechados, eram o preço da passagem do espírito para o outro mundo.
        E se as orações fúnebres parecem demasiado lisonjeiras para o falecido, pode ser por algo mais do que um desejo de prestar homenagem. Talvez ainda partilharemos o antigo receio inconsciente de que em algum lugar próximo ouvidos inversíveis mas atentos estão escutando cada palavra. 



Fonte: Você sabia? - Reader's Digest

quarta-feira, 13 de abril de 2011

PINTURA "FORE-EDGE"

A pintura For-Edge, é uma arte feita no corte, ou cortes do livro, quando muito bem prensado, e       
  somente visível inclinando as páginas, em estado normal, não é possível ver a pintura,   
   esta arte também é chamda de "pintura invisível". 





Pintura For-Edge, ou Invisível, no corte lateral, superior e inferior.




quinta-feira, 31 de março de 2011

A casa da memória

De partituras centenárias a peças de artesanato, Biblioteca Nacional soma 540 mil , de direito autoral desde 1896, 19% deles só nos últimos quatro anos, como mostra levantamento feito para o GLOBO.

    O Brasil é um país composto majoritariamente de poetas, um tanto de músicos, um pouco de roteiristas e quase nada de romancistas.O Brasil é um país com cerca de 540 mil registros nos mais de cem anos de serviço de seu principal órgão para a inscrição de direito autoral, a Biblioteca Nacional. É uma material que serve como memória intelectual da sociedade, e cuja análise ilumina os hábitos de criação do brasileiro num momento em que se discute tanto a importância do direito do autor.
    Um levantamento feito pelo Escritório de Direitos Autorais (EDA) da Biblioteca Nacional, a pedido do GLOBO, mostra como a procura pelo cadastro auroral vem crescendo ao longo das décadas. O serviço foi instituído há 115 anos, mas 19% do total de registros foram realizados de 2007 até hoje. O primeiro livro de tombo, como é chamada a publicação em que se arquivam as informações sobre cada registro, teve 500 itens e demorou dez anos para ser preenchido. Hoje, a biblioteca precisa abrir um novo livro em pouco mais de dez dias.
   - O boom do registro autoral ocorreu por volta de 1995 - diz Rejane Schneider, servidora responsável técnica pelo EDA. - O Brasil passou por uma onda de cidadania após os anos Collor (1990-1992), e isso fez com que as pessoas percebessem que deveriam exigir seus direitos e tornou nosso setor mais popular.
O registro de direito autoral no Brasil teve início em 1896, com a Lei 496, do escritor e deputado pernambucano Medeiros e Albuquerque, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Tratava-se da primeira norma específica para o tema no país. Desde então, cabe à Biblioteca Nacional receber romances, poemas, letras e partituras de músicas roteiros, ilustrações, fotos ou qualquer outra categoria de obra impressa. Além do EDA, outros órgãos aceitam o cadastro de obras intelectuais: a Escola de Música da UFRJ, para músicas; a Escola de Belas Artes da UFRJ, para esculturas, pinturas e a produção artística em geral; e o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, para projetos em seus campos e afins.
    Depois que uma obra é registrada, o documento entregue à instituição responsável passa a pertencer ao Estado. Isso quer dizer que nem mesmo seu autor tem acesso ao conteúdo diretamente: caso queira utilizar a obra, ele precisará pagar por uma cópia por isso, os funcionários do EDA sugerem que as pessoas não deixem seus originais, mas nem sempre funciona. Nos arquivos da biblioteca, há originais de fotos, ilustrações e até diários. Não tem muito tempo, um senhor chegou ao escritório com um livro de quadrinhos, todo desenhado à mão, e o entregou às atendentes. Resultado: nunca mais verá o livro.
    Cada registro custa entre R$ 20 (texto) e R$ 60 (imagem colorida) para pessoas físicas, mas é possível inserir sob o mesmo número mais de uma obra. Há um caso de uma pessoa que cadastrou mil volumes de uma vez num único registro, pagando a mesma quantia de quem registra um. Ou seja: a quantidade de obras guardadas na biblioteca pode ser duas, cinco ou até dez vezes maior que 540 mil registros.
- No arquivo, temos desde partituras de Chiquinha Gonzaga, do início do século passado, até uma peças de artesanato feita em lã, com quatro coelhos bordados à mão. Eu chamo de família coelho - conta Rejane. - O registro de direito autoral é uma casa da memória brasileira.

Continua...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Casa da memória

continuação...

    Em 2010, o Escritório de Direitos Autorais (EDA) da Biblioteca Nacional efetuou em média 2.900 registros por mês. A maior parte, 30,76%, foi de poemas - letra de música sem partitura são incluídas nessa categoria. Em seguida, vêm músicas (15,55%), roteiros para cinema e TV (13,45%), livros didáticos (5,08), romances (4,97%) e contos ou crônicas (4,14%). Já peças de teatro, teses, quadrinhos, periódicos, fotos e outro gêneros somados chegam a 26, 05%do total. São Paulo é o estado com  mais pedidos (36,8%), seguido de Rio de Janeiro (22,41%), Bahia (7,2%) e Paraná (6,41%).
    - Eu venho aqui par não ter amolação depois - conta Sebastião Pedro, músico evangélico e morador de Nova Iguaçu, que esteve na  biblioteca na semana passada para registrar as letras de dez canções, entre elas "Jesus Cristo, o professor". - Já registrei mais de 200, tenho um CD pronto. Falta só gravar.
Como Sebastião, há centenas de desconhecidos que registram suas obras no EDA. Sua maior motivação é ter mais segurança sobre a autoria de uma obra. Mas há situações em que a pessoa simplesmente busca uma maneira de "imortalizar" sua criação por razões afetivas.
    Após acontecimentos marcantes, como a queda de um avião, por exemplo, a procura pelo serviço aumenta. Sobretudo com parentes de vítimas querendo cadastrar poemas ou desenhos sobre a tragédia. Nos últimos anos, uma mulher de cerca de 50 anos tem ido à biblioteca regularmente para registrar poemas em homenagem ao finado marido. Detalhe: vai vestida de noiva.
    - Às vezes acontece de alguém chegar dizendo que quer registrar uma música e, em vez de nos dar a partitura e a letra impressa, começa a cantar. E ainda pede que a gente anote - conta Rejane Schneider. - As pessoas não sabem bem i significado do registro autoral, muitos acham que estarão divulgando sua obra e que podem recolher os direitos aqui.

Cadastro Nacional de Livros

    Há uma boa parcela de autores, porém, que já tem plena consciência do valor do cadastro e de seu uso. Cerca de 30% das entradas para registro autoral vêm acompanhadas de pedidos para o International Standard Book Number (ISBN), um sistema internacional que identifica numericamente os livros para sua publicação. No Brasil, o cadastro do ISBN também é atualizado pela Biblioteca Nacional. Isso significa que quase um terço dos autores já pensam em tornar públicas suas obras.
    - A Agência Brasileira do ISBN totaliza, hoje, 934.387 registro. Trata-se de uma banco de dados riquíssimo, que vai constituir a matriz inicial para a criação do Cadastro Nacional de Livros, uma iniciativa da Câmara Brasileira do Livros cuja versão pra testes será disponível em Julho - conta Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional. - Esse cadastro vai centralizar informações sobre as obras editadas e comercializadas no país, reunindo capa, sinopse e preço. Em vez de registrar seus catálogos em diversas livrarias, as editoras poderão cadastrar suas obras numa única vez, as livrarias evitarão os custos que a criação de catálogos próprios exige. e os editores de pequeno porte serão especialmente beneficiados, pois terão oportunidade de divulgar melhor suas publicações.

FONTE: Segundo Caderno do jornal O Globo
29 de Março de 2011

segunda-feira, 28 de março de 2011

Boicote à HarperCollins

Bibliotecas americanas iniciaram uma campanha de boicote a livros da megaeditora HarperCollins, em resposta à decisão da empresa de estabelecer um limite de 26 empréstimos para as versões digitais dos seus títulos. Na semana passada, a editora anunciou um novo modelo de venda de e-books para bibliotecas, no qual cada capítulo digital só poderá ser lido 26 vezes. Depois disso, as bibliotecas terão que recomprar a licença para manter o livro em catálogo. A medida pretende estabelecer para os e-books, por contrato, um limite de uso que no caso dos livros impressos ocorre naturalmente, devido ao desgaste que obriga as bibliotecas a reporem periodicamente seus exemplares. As bibliotecas, no entanto, dizem que 26 é um número baixo e provocará um aumento excessivo em seus gastos.

FONTE: Caderno Prosa & Verso do Jornal O Globo de
12 de Março de 2011.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

LIVROS PARA TODOS

Novo presidente da Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, que também será responsável pela gestão de políticas de leitura, pretende estimular a produção de obras mais baratas e sonha com livrarias populares
Fazer do livro um artigo acessível a todos é a grande meta do jornalista e escritor Galeno Amorim. Confirmado na última sexta-feira como novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Amorim vai administrar a distribuição de obras para seis mil unidades públicas gerenciadas por prefeituras, além de traçar os rumos da oitava maior biblioteca do mundo em acervo. Ex-secretário de Cultura de Ribeirão Preto e com passagens pelo governo Lula, inclusive na FBN, ele foi incumbido pela ministra Ana de Hollanda de preparar o terreno para a criação do Instituto Nacional de Livro e Leitura.


Para isso, num primeiro momento ele vai acumular a gestão dos acervos das bibliotecas com as elaborações de políticas públicas para o setor. Entre suas metas, Amorim pretende criar um mecanismo de incentivo para que as editoras apostem em livros populares, mais baratos, a fim de alcançar os consumidores das classes C, D e E. Em entrevista ao GLOBO, ele expôs sua visão sobre direito autoral e acesso à leitura, e disse imaginar uma livraria popular nos moldes das farmácias populares.

Segue o link com a entrevista completa.http://www.cultura.gov.br/site/2011/01/24/livros-para-todos/



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A magia da dança

Dançar no ritmo dos deuses para trazer chuva ou curar doenças


Onde há gente, há dança. Para a maior parte das pessoas “civilizadas”, a dança não passa de um agradável passatempo; mas, longe das salas de baile e das discotecas, as danças rituais ainda são vitais em muitas sociedades para celebrar as diferentes fases da vida e promover uma comunicação com os deuses. Essas sociedades dançam para ter boas colheitas e caçadas, para que chova e para vencer a doença ou seus inimigos. As danças são uma forma de oração e possuem poderes mágicos.
As danças que imitam animais são características. Por exemplo, para distrair o espírito antes da caça e apaziguar a alma da presa já morta, os adolescentes de uma tribo na Austrália, os Kemmirais, saltam e se arranham, com as mãos junto ao peito, como os cangurus que vão abater. E os Tewas, do Novo México, dançam como as corças, correndo e parando de repente, tremendo e agitando a cabeça assustados.



Motivando os elementos


Os Sioux, uma nação indígena norte-americana, também dançam para chamar a chuva. Nessa dança, enchem um pote com água e dançam à sua volta quatro vezes antes de se atirarem ao chão e beberem a água que caiu. Há danças pela sobrevivência de indivíduos ou de tribos inteiras. Tanto os esquimós do Ártico como os índios da Amazônia possuem xamãs, ou feiticeiros, que dançam até entrar em transe, a fim de penetrar no mundo dos espíritos e trazer a alma de um membro da tribo que esteja doente. A missão dos “dançarinos do diabo” do Sri Lanka é exorcizar os espíritos malignos. Os iroqueses do estado de Nova York comportam-se da maneira singularmente bem-humorada: primeiro, o xamã tem de determinar o que provocou a doença – normalmente o espírito de um animal – e depois, prescreve uma dança ritual para apaziguar o espírito do animal ofendido. A dança imita o animal em questão, e os dançarinos chegam a comer a sua comida favorita; ao fim, todos festejam ruidosamente o paciente. Nessas sociedades, a dança pontua todas as fases críticas da vida: nascimento, puberdade, casamento e morte. O que impressiona um ocidental nestas danças é que homens e mulheres raramente atuam juntos e todos os passos tradicionais si mantêm rígidos e inalteráveis. Tal código pode ser muito rigoroso; diz-se que os velhos de Gaua, nas Novas Hébridas, vigiam o comportamento dos dançarinos, prontos a lançar-lhes uma flecha no caso de eles errarem.


Fonte: Você sabia? - Reader's Digest

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Quem nunca se sentiu um perdedor?

Respire fundo, nada parece
Preencher esse lugar
Eu preciso disso o tempo todo, pegue suas
Mentiras e saia do meu caso
Algum dia eu vou encontrar um amor que
Flue por mim como esse
Esse vai cair, esse vai cair

Você está chegando mais perto, para me empurrar
Do pequeno precipício da vida
Porque eu sou um perdedor e mais cedo ou mais tarde
Você sabe que eu vou estar morto
Você está chegando mais perto, você está segurando
A corda e eu estou caindo
Porque eu sou um perdedor, eu sou um perdedor, yeah!

Isso está ficando velho, eu não consigo romper essas
Correntes que me prendem
Meu corpo está ficando gelado, não sobrou nada
Dessa mente ou daminha alma
O vício precisa de um pacificador, o zumbido desse
Veneno está me levando às alturas
Esse vai cair, esse vai cair

Você está chegando mais perto, para me empurrar
Do pequeno precipício da vida
Porque eu sou um perdedor e mais cedo ou mais tarde
Você sabe que eu vou estar morto
Você está chegando mais perto, você está segurando
A corda e eu estou caindo
Porque eu sou um perdedor, eu sou um perdedor!

Você está chegando mais perto, para me empurrar
Do pequeno precipício da vida
Porque eu sou um perdedor e mais cedo ou mais tarde
Você sabe que eu vou estar morto
Você está chegando mais perto, você está segurando
A corda e eu estou caindo
Porque eu sou um perdedor!

Você está chegando mais perto, para me empurrar
Do pequeno precipício da vida
Porque eu sou um perdedor e mais cedo ou mais tarde
Você sabe que eu vou estar morto
Você está chegando mais perto, você está segurando
A corda e eu estou caindo
Porque eu sou um perdedor!



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

NOVAMENTE-Ney Matogrosso

Me disse vai embora, eu não fui
Você não dá valor ao que possui
Enquanto sofre, o coração intui
Que ao mesmo tempo que magoa o tempo
O tempo flui
E assim o sangue corre em cada veia
O vento brinca com os grãos de areia
Poetas cortejando a branca luz
E ao mesmo tempo que machuca o tempo me passeia

Quem sabe o que se dá em mim?
Quem sabe o que será de nós?
O tempo que antecipa o fim
Também desata os nós
Quem sabe soletrar adeus
Sem lágrimas, nenhuma dor
Os pássaros atrás do sol
As dunas de poeira
O céu de anil no pólo sul
A dinamite no paiol
Não há limite no anormal
É que nem sempre o amor
É tão azul

A música preenche sua falta
Motivo dessa solidão sem fim
Se alinham pontos negros de nós dois
E arriscam uma fuga contra o tempo
O tempo salta