sexta-feira, 7 de maio de 2010

IDADE DO SONHO

Tens perfil de alameda. Nos teus olhos correm
gotas de luz e mel, a procurar o dia,

e como a terra e o mar, que estranhos se percorrem,
és líquido e perene em minha fantasia.


De ti, uma pantera surge no menino
em que descansas. Braços de floresta antiga
são teus gestos de musgo onde teço meu hino
e em teu mistério verde o meu medo se abriga.


Por certo vou temer-te. És pântano selvagem
embora de doçura; se eu seguir teu rumo
afundarei sozinha em névoas de miragem.

Para poder tocar-te é necessária a idade
do sonho. Mas em vão eu ando e te resumo
pisando em minha volta a espessa realidade.


Lupe Cotrim

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