quinta-feira, 24 de novembro de 2016

UMA TAÇA FEITA DE CRÂNIO HUMANO

Não recues! De mim não foi-se o espírito...
Em mim verás - pobre caveira fria -
Único crânio que, ao invés dos vivos,
 Só derrama alegria.
 Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte Arrancaram da terra os ossos meus. Não me insultes! empina-me!... que a larva Tem beijos mais sombrios do que os teus. Mais vale guardar o sumo da parreira Do que ao verme do chão ser pasto vil; Taça - levar dos Deuses a bebida, Que o pasto do réptil. Que este vaso, onde o espírito brilhava, Vá nos outros o espírito acender. Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro ... Podeis de vinho o encher! Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça, Quando tu e os teus fordes nos fossos, Pode do abraço te livrar da terra, E ébria folgando profanar teus ossos. E por que não? Se no correr da vida Tanto mal, tanta dor ai repousa? É bom fugindo à podridão do lado Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!... Lord Byron (Tradução de Castro Alves)